domingo, 19 de abril de 2009

O nascimento - parte 1

Nasci num pequeno vilarejo chamado Shaduk. Sou o 8º filho numa família de 12 irmãos e sempre trabalhamos numa fazenda de água assim como nossos ancestrais desde que começaram há mais de 2000 anos atrás. Minha função era guiar o jumento no moinho, assim como meu irmão mais velho, Shadak, fazia antes de mim. Nossa fazenda era uma das melhores e minha família tinha se tornado uma das mais respeitadas da região.
Embora vivêssemos numa relativa harmonia em nossa sociedade, sempre corríamos o risco de nosso vilarejo ser invadido por invasores bárbaros ou salteadores e por isso o nosso pai tinha quatro homens de confiança que faziam a nossa segurança. Eles eram homens livres assim como muitos outros que buscavam trabalho para manterem-se fixos em algum lugar. Um desses homens que faziam nossa segurança era um homem de meia idade chamado Sallah. Ele era responsável pela vigília da torre de água e não conversava muito. Lembro que eu deveria ter uns 7 anos e poucas coisas me permitem refrescar minha conturbada mente mas algumas coisas nos faz lembrar pra sempre. E uma dessas coisas veio na 7ª lua do Ano do Escaravelho.
Eu dormia com mais quatro irmão mais novos do que eu. Numa noite eu tinha me deitado cedo, pois era um privilégio de quem fazia suas tarefas pontualmente. Acordei no meio da noite, pois o frio estava insurpotável e fui até a nossa lareira para acendê-la e me aquecer. Foi uma questão de acender o fogo e esperar o suficiente para que minhas mãos estivessem quentes quando ouvi um barulho como se na despensa um saco estivesse caído. Corri até lá passando pela frente da porta do quarto de meus pais que nessa noite estava aberta, coisa que nunca acontecia. Aproximei-me devagar da porta pois minha apreensão zunia em meu ouvido alertando-me de algo incomum naquela noite. Meus temores me foram verdadeiros. Lembro-me que meu estômago apertou e minhas pernas estavam bambas. As paredes do quarto estavam manchadas de negro. Era a cor que ficava o sangue quando a lua cheia incidia com seus raios diretamente em cima.

Sangue! Não tinha dúvida pois o cheiro agora tomava minha cabeça e tive a certeza do pior quando vi a mão de minha mãe estendida caindo da cama.

Caminhei vagarosamente não pelo cansaço mas pelo medo que me tomava pois nesse momento eu quiz que estivesse sonhando. Mas há sonhos que nós não acordamos nunca e geralmente são pesadelos.

Estava próximo ao lado da cama e o que eu jamais poderia imaginar acontecer em vida me defrontava com fúria pois tudo estava refletido nos olhos de minha mãe que, morta, era como olhasse para mim pedindo ajuda.

Estendi minha mão tentando tocar os dedos na minha mãe. No momento em que eu estava no quarto nem consegui ver o meu pai nem consegui pensar em meus irmão e o mundo todo estava em um silêncio tumular. Não sentia mais o aperto em meu estômago nem as pernas fraquejando,, apenas quando eu vi a minha mãe se afastando de mim que que eu percebi que alguém me segurava pela cintura. Não conseguia raciocinar.

Penas quando eu me vi sendo levado da casa que estava parcialmente tomada por um incendio. Minhas energias voltaram com rapidez e comecei a me debater nos braços de quem eu não sabia. Balancei tanto que acabei caindo no chão. Olhei para cima e vi um rosto que eu conhecia bem apesar de são ser o que eu queria ver. Me senti reconfortado quando a figura abaixou-se e gentilmente me levantou e disse: "Calma, garoto. Sou eu, Sallah!". Ele me colocou no lombo de um dos cavalos da fazenda e após isso eu não me lembro de mais nada.

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